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Entre gestos e corpos visíveis ou esquecidos, o processo de moldagem com gesso continua a atravessar diferentes épocas podendo ser um processo auxiliar na escultura, como uma meta a atingir na exploração como processo e como integrante na obra finalizada. O artigo dedica-se ao estudo da condição de (in)visibilidade do gesso e dos processos de moldagem não convencionais na criação artística. Na articulação entre criação e investigação, parte-se da produção artística autoral para pensar as motivações operativas e metodológicas da presença/ausência do gesso e da moldagem na arte contemporânea, particularmente, no processo e resultado. Para tal, o estudo alicerça-se em duas esculturas: Mira no Infinito (2018) e Mira no Outro Espaço (2019) e Mar de mentiras (2022-). A primeira é corpo-contentor esférico em gesso intencionalmente visível. Na segunda escultura, o gesso permanece invisível (ausente) do produto final, mas constitui-se como determinante no processo de moldagem que o antecede. Na terceira, o papel como material de estrutura na moldagem. O artigo explora e examina o engenho técnico da moldagem enquanto processo estratégico na tiragem de moldes e consequente repetição do mesmo modelo, cujo processo silencioso e invisível na construção das formas e dos múltiplos e nas características dúcteis e poéticas do gesso e do papel, conduzem à sua incorporação em objetos artísticos. Examinam-se as moldagens com materiais convencionais e tradicionais como o gesso em contradição a materiais não convencionais como o papel. Correlacionam-se opções plásticas, conceptuais e filosóficas basilares na problematização do gesto, (in)visibilidade e relação imagem-escultura. Teoricamente, identifica-se Aby Warburg nas preocupações sobre força e repetição de gestos e sua relação com a moldagem, capacidade de resiliência e condição de (in)visibilidade. Com Walter Benjamin a (in)visibilidade da escultura segundo o valor do processo e do valor de exposição aproxima-se das preocupações em torno do lugar visível do gesso como matéria, contentor poético e porta para o invisível; e do invisível do gesso e da técnica da moldagem no processo criativo para solucionar desafios projetuais. Plasticamente, a potência do gesto impressa na forma e no molde, força inesgotável (in)visível em determinado processo ou forma, relaciona visível-invisível com memória e esquecimento.

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